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E o Kerb?

Existem muitas versões sobre a origem do Kerb. A única certeza é que foram os alemães que trouxeram essa festa nos navios repletos de imigrantes. Neste mês de abril, ocorre o Festival do Kerb aqui em Estância Velha. É um festival, um evento público. Nasci e me criei na colônia e, desde muito pequeno, esperava pelo Kerb, porque era uma alegria que reunia a grande família, era uma festa de reencontros.

O primeiro trabalho consistia em fazer uma limpeza no grande pátio e arrumação geral na casa. Era a data em que meu avô paterno, Cristiano Link, nos visitava por, no mínimo, oito dias. Era o primeiro a chegar e assim acompanhava a tarefa de preparar carnes, através da matança de algum suíno e um bovino, refazendo especialmente o estoque num dos ambientes quase sagrados, que era o defumador de linguiça, charque e costelinhas de porco. Eram elaboradas grandes quantidades de doce de coco, de pera, de figo, doce de marmelo e outros. Também algumas fornadas de cucas, bolos e roscas eram feitas no capricho. No domingo do Kerb, o forno, após bem aquecido, recebia uma boa carga de carne temperada, servida ao meio-dia. Cabe ressaltar que a bebida não era o ponto principal do encontro. Servia-se apenas durante o almoço. A festa durava três dias. Ao retornarem para suas casas, alguns visitantes ainda levavam certa porção de quitutes aos que não tinham vindo no encontro. Ainda faltou contar que o avô Cristiano sempre costumava comprar a famosa bala de anis da Neugebauer (em lata de três kilos) e era evidente que em seu bolso sempre carregava algumas dessas guloseimas e ele, num gesto muito carinhoso, sentado na cadeira, apontava com uma mão para seu colo e a outra para algum dos meus irmãos ou irmãs e proferia o convite: venha um pouco no meu colo? Tudo isto era KERB!


Paulo Link, produtor de plantas ornamentais, autor do livro “Encantos e lições da colônia”

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