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Contraste e movimento

Iniciei este texto em meio às lágrimas. Tem dias em que a saudade é tão grande, mas tão grande, que não seguro a onda e preciso dar uma choradinha... Tipo de umas 3 horas seguidas e depois passa. Se neste momento alguém encontrasse comigo, me acharia parecida com o Coelho da Páscoa, por causa dos olhos vermelhos e do pelo branquinho... Certo, preciso fazer uma piada, pois até nisso puxei a minha mãe: nem chorando consigo deixar de pensar umas bobagens e rir um pouco.

Pois sabe que, com esse “gancho”, posso afirmar que tudo na vida tem dois lados. Vai depender de como nos posicionamos para ver a questão. Perdi minha mãe num acidente muito improvável e de forma abrupta. Já são quase três anos e meio sem ela. Como hoje, tem dias que tenho esta vontade de chorar e aí choro. Mas lá atrás, escolhi ser grata a Deus por ter tido a Dona Maria Helena como mãe e muitíssimo agradecida pelo seu amor e exemplo. Minha escolha não foi lamentar o resto da minha vida por esta perda.

Acredito que todas as coisas acontecem em opostos, caso contrário, não teríamos o contraste. Faça um exercício comigo. Sabe aquele lindo dia de sol? Qual sua importância se já faz mais de duas semanas que ele anda rachando? E se tivermos dias chuvosos e entre as nuvens brilharem raios de sol e aquele dia se transformar num dia ensolarado? Qual dos dois cenários deixa o dia mais bonito?

Observe que o contraste é o que dá movimento. Já pensou se tudo fosse sempre belo, lindo, perfeito...  de forma contínua? Perde a graça. Chorar de vez em quando é bom, mas viver chorando, aí não dá! O nosso exercício é o livre arbítrio. Estar frente às situações e escolher para que lado iremos. Imagino que em cada um dos meus ombros há um personagem: no direito um anjo e no esquerdo um diabo. Os dois falam ao mesmo tempo, um em cada ouvido. Um é positivo e outro é negativo. Meu exercício é “dar ouvidos” ao anjo.

Mas tenho um segredo para contar: nem sempre é fácil escolher o anjo. Como hoje, tive vontade de me atirar num canto e deixar-me abater. Mas tenho exercícios ótimos. No meu celular tenho uma foto do meu afilhado, com minha irmã e minha esposa. Eu procuro essa foto e olho bem para ela e meu coração se enche de amor. Ou busco na mente uma coisa engraçada, que possa me tirar do negativo. Hoje, lembrei de um dia que fizemos uma lista interminável dos namorados que a mãe havia tido e suas características... Ela ficou louca com a gente e nos finamos de rir! Uma chance para você adivinhar como finalizo este texto... Sorrindo!


Fabiane Horlle Hoff
Diretora da H. Maria Joias Contemporâneas e filha de Maria Helena Horlle Hoff 

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