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Que tamanho tem a sua família?
Nadja Janaina da Silva Pereira
Assistente
Social CRESS 4630/10ª;
Especialista
em Intervenção Sócio-Familiar
“Um galo sozinho não
tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos.”
João Cabral de Melo
Neto
Tomei parte das
palavras do poeta brasileiro para ilustrar alguns pensamentos, pois acreditar
na família, na coletividade, na construção e fortalecimento de laços de afeto
requer entusiasmo, fantasia e poesia. Alguns, menos esperançosos ou talvez mais
assustados, temam pelo término ou extinção da família, outros, assim como eu,
retomarão o conceito sobre o humano como um ser gregário e encontrarão aí um
contraponto para sustentar o desejo pela convivência.
O temor, de muitas
coisas faz parte do estar aqui, ali ou acolá, inclusive neste momento
sócio-histórico que vivemos, o medo possui um viés paralisante, mas precisamos
encontrar a outra via, aquela que conjuga verbos como seguir, amar, viver. Os
inquietos observarão que muitos foram os movimentos que culminaram na
diversidade de estruturas e dinâmicas familiares, restando não o término da
família, mas um rompimento com o instituído, com a idealização. A continuidade
da família está marcada por relações baseadas nas experiências e necessidades
dos sujeitos e assim estão se constituindo diferentes formas de ser e estar no
mundo, diferentes formas de ser família.
Na atualidade, o
afeto, o amor, a empatia, são sentimentos reconhecidos para além dos pares,
extrapolando os laços consanguíneos e as determinações sociais, pois, em meio
ao barulho dos dias, muitas são as pessoas que demandam e são demandadas por
nós, havendo convivência e a possibilidade da construção de diferentes
vínculos. Sentimentos em sintonia, ampliamos nossa rede de pertencimento e
nossas crianças em meio à “sapequices” passam a ganhar mais avós, tios, dindos,
primos, irmãos e amigos. A perspectiva de finitude já não possui mais força,
pois novos laços são estabelecidos e sustentados com um alimento poderoso, o
cotidiano. Abraços, sorrisos, gargalhadas, gentilezas e brincadeiras são ações
que, compartilhadas, instigam e fortalecem a convivência, sendo possível
vivenciá-los no parque, no elevador, a caminho da escola ou do trabalho. Atos
que se transformam em energia criadora e fortalecer dos laços fraternos, os
quais terão o alcance semelhante ao cantar dos galos ao amanhecer e fomentarão
manhãs cheias de esperança.
Em uma dessas manhãs
o programa de televisão ainda abordará a temática família, entretanto a pergunta
mais producente será: Que tamanho tem a sua família? E assim terão assunto para
muitas e muitas manhãs.